segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Pág 04 - Yemanjá

No salão onde eu estava, havia muitas proltronas. Projetadas para acomodar mais ou menos duzentos e cinquenta pessoas confortavelmente. Observei que ao lado da porta, próximo à saída, uma mulher, com aparência de senhora e meia idade, balançava a cabeça fazendo gestos, conversava sozinha, parecia viver num mundo só dela, e mesmo o salão estando cheio durante a palestra, ela não mudava os trejeitos, e nenhuma palavra era pronunciada. Apenas balançava a cabeça e fazia gestos. Percebi que um a um iam saindo e ela parecia não estar com pressa. Me dirigi até ela, me sentei, fiquei observando sua reação. Reação essa que não veio.
    Quando todos já tinham saído o zelador do salão se aproximou nos pediu licença, as luzes deveriam ser apagadas, as portas e janelas fechadas.
    Estendi minha mão, ela a segurou e saímos sem dizer nada, caminhamos até uma pequena praça, nos sentamos permanecendo mudos, parecia loucura. Ela me parecia doce, carinhosa, feminina, alegre, feliz e em paz. O que eu estaria lhe parecendo? Cada minuto que passava, a vontade de falar me fugia e ganhava um minuto de paz.
     O mesmo zelador do salão era o zelador da praça, e além disso, conhecia cada paciente dessa clínica. Se aproximou fazendo cara de estranhesa:
    - Oi dona Zuleica, tá tudo bem? - ela nem olhou em sua direção.
    - E o senhor, tá tudo bem? - ele não percebia o que estava interrompendo era um momento mágico.
    - Sim, comigo está tudo bem! Zuleica, você disse que o nome dela é Zuleica?
    - Sim, é por esse nome que todos à chamam, mas não adianta, ela parece não ouvir, falar, nunca falou um "a", fica fazendo gestos, balançando a cabeça. Se você a põe sentada na cadeira na mesa do almoço, ela almoça, se por ela dentro do banheiro e abrir o chuveiro, ela se banha, e é assim com tudo, ela não briga, não ri, não chora, não nada.
    - O sr sabe o que ela tem? ou quanto tempo que ela está assim? ela tem família?
    - Não, eu não sei o que ela tem, ela não toma remédio nenhum para nada, dizem que tem saúde de ferro. Quando vim morar aqui, ela já estava, está fazendo oito anos que estou aqui e ela nunca recebeu uma visita. Um paciente foi pego em flagrante abusando dela, ela engravidou, a justiça autorizou o aborto e hoje todos daqui tem muito cuidado, zelam e protegem ela.
    - Sim, e fazem muito bem! - Eu estava intrigado. O que acontecia com a Zuleica?
    - Bom senhor, tá ficando tarde, eu vou levar a Zuleica pro quarto dela.
    - Seim, claro! ele estendeu a mão, ela colocou a dela por cima e saíram.
    No dia seguinte eu partiria no período da tarde, então logo cedo procurei o diretor queria saber mais sobre a Zuleica.
    - Cevil , a Zuleica tinha marido e  três filhos, era uma família tranquila e viviam em harmonia. A época de férias do marido coincidia com as férias dos filhos, e eles foram acampar numa praia. Acordaram na madrugada sendo assaltados, os filhos e o marido foram assassinados, ela escapou se jogando no mar. Os movimentos que ela faz é o de nadar. Zuleica vê à sua frente somente o mar. O que ela tem é trauma. Não aceita a realidade sem sua família.
    - Sr diretor, o sr me permite conversar com dona Zuleica?
    - Sim, mas qual o motivo?
    - Acho que sei o que aconteceu com ela!
    - Nesse caso não poderei permitir.
    - Não entendo, porque não?
    - O estado dessa mulher é estável, e pode ser perigoso tirá-la parcialmente deste estado. O sr está de partida hoje à tarde, se conseguir "algo" com ela esse "algo" que o sr "acha"  não ajudará. Permitir que a leve consigo não poderei permitir, ficar o senhor tambpem não vai poder, então acho mais sensato pararmos por aqui.
    - Mas a conversa, que eu "acho" que pode ajudar, tem dois caminhos. Um deles é eu estar errado e não conseguir ajudar, o outro é conseguir  ajudar e  tirá-la deste estado de uma só vez! Po favor, permita. Dê-me o direito de tentar e a ela o de se livrar?!!!
    O diretor pensou durante alguns minutos e respondeu:
    - Tudo bem! Com uma condição!
    - A que o senhor quiser.
    - Pois bem! que não seja uma conversa particular, que tenha testemunhas, eu quero ver as reações e quero que os outros vejam.
    - Fechado!
    - Sr Rubens! - O diretor gritou pelo nome do zelador da praça que em segundos estava em seu gabinete.
    - Sr Rubens, por favor traga aqui a dona Zuleica e a dona Cida.
    Todos se ajeitaram no gabinete.
    - Aqui estamos! à disposição:
    - Bom, diretor eu gostaria que vocês três se sentassem naquele sofá, enquanto eu fico frente a frente com dona Zuleica, ok?
    Pronto, agora está perfeito. Vou fazer uma oração, e quero que todos acompanhem só em pensamento, fixando a mente em uma luz branca vinda de cima (céu) ou em uma flor qualquer desde que seja branca.
    Após a oração, me concentrei em dona Zuleica, e disse a ela:
    - Dona "Zú", vou contar uma história para todos que estão nesta sala, quando qualquer um sentir vontade ou necessidade de se manifestar pode fazer sem medo. Nessa história estão faltando algumas respostas, quem souber que me ajude a contar... Certa vez, prá "espairecer", me sentei numa praia, já era noite, vi uma mulher muito bonita caminhando onde apenas molhava os pés. Caminhava perfumada e bela, mas nem imaginava que eu a observava, fiquei assim um longo tempo admirando sua beleza e perfume. Ela bem que podia ser uma sereia com essas qualidades, mas era negra, estava semi nua. Nunca ouvi alguém dizer que existia sereia negra. Que as sereias eram bonitas, sim eu sempre ouvia, mas negra? isso era doidice da minha cabeça. Me encantei tanto em olhá-la que me distraí e ela me viu de tão perto que podia me tocar, fez uma cara de muito brava, me pegou pelas mãos e me arrastava para o mar.
    Eu queria gritar, a voz não saía.
    Eu queria forças pra lutar e não tinha.
    Eu olhava pra praia, vi um homem dormindo ao lado de duas meninas e um menino ninguém me ouvia. Logo o barulho das águas em meus ouvidos, me deixavam mais calma, e eu queria nadar, nadar, nadar nossa! como é gostoso nadar? Eu sempre tive medo da água, como fui tola, consigo até falar com água entrando e saindo da minha boca.
    Agora essa moça linda, negra perfumada até debaixo d' água está falando coisas que não entendo, parece outra língua, dialeto, sei lá, acho, acho, acho que ela quer saber meu nome, eu não sei! Qual é o meu nome? faço força pra lembrar e não consigo, qual é o meu nome, eu preciso saber, preciso dizer a essa moça bonita o meu nome. Meu nome é
    - Zuleica! - A Zuleica respondeu!
    - Sim, Zuleica, diretor preciso dizer à moça bonita que meu nome é Zuleica.
    - Zuleica, você sabe o nome da moça bonita?
    - Não seu Cevil, não sei! - Zuleica respondeu com ar de preocupada.
    - E a senhora quer saber? - perguntei.
    - Sim, eu adoraria.
    - Ela é o seu anjo da guarda, ela tirou você da sua família pra você descobrir que ela existe. Ela não tirou você da sua família por maldade não, ela fez assim porque assim era o único jeito de você reconhecê-la.
    Ela vai trazer sua família de volta.
    Ela vai trazer sua vida de volta.
    Ela viveu por você até hoje.
    Na nossa religião, dizemos que você estava bolada.
    - Me diga o nome dela?
    - Digo, se você prometer estudar mais sobre ela, procurar uma igreja, um terreiro um lugar para cultuar seu anjo do jeito que ele é e não negá-lo nunca.
    - Prometo!
    - Você também pode chamá-la de mãe, o nome dela é Janaína ou Yemanjá.
  

Pág 03 - Ossanha

"Eu tinha uma vida tranquila, com tudo funcionando e transcorrendo bem, era uma vida daquele tipo "eu era feliz e não sabia". Tudo começou a ruir quando a casa vizinha à nossa foi alugada por um casal, Liliane e Pedro, foi nessa hora que o tempo fechou, as portas se bateram, eu tenho certeza que foi aí."
    - Como o Sr. tem tanta certeza Sr Paulo?
    - Não sei! só sei que esse casal foi nossa ruína. Minha esposa era tranquila, fiel, confiava em mim. Nessa época nós já tínhamos dois filhos, o mais novo estava com uns cinco anos e o outro com uns nove. A Liliane era prestativa, amiga, quantas vezes meus filhos doentes, precisando de cuidados médicos e era ela quem corria, eu chegava do trabalho estava minha mulher em casa e a Liliane no pronto socorro com um dos meus filhos. Minha mulher era tímida, simples e sem iniciativa. A Liliane não, ela era corajosa, destemida, pensava rápido e agia rápido. Pedro era igual, e gostava de uma boa prosa regada com uma cervejinha.
    - Onde está o seu erro seu Paulo?
    - Um dia cheguei em casa, minha mulher estava de batom, no outro, tentava andar sobre salto alto, no outro cabelo pintado, no outro eram as unhas. Não demorou, queria sair pra dançar num forró que a Liliane e o Pedro iam. Pensei, "ir uma vez ou outra não é problema", mas minha mulher gostou tanto, que às vezes eu chegava do trabalho e elas já estavam prontas. Na tentativa de corrigir ou frear resolvi dizer que estava cansado, e que outro dia nós íamos. Não teve jeito, foram sem mim. A partir daí nunca mais me chamaram e as vezes quando chegava do trabalho já tinham saído deixando meus filhos sozinhos. Uma vez fui atrás deles e trouxe minha mulher de volta. Eles mudaram de forró, e quando eu ia atrás não encontrava mais ninguém.
    Essa vida levei por mais de um ano. Ela não me dava satisfação onde ia de quinta a domingo. Quando me aproximava, o assunto parava, sumia, e eu ficava como errado. Minha mulher cada vez mais arrumada, roupas novas, perfumes. Eu suportava pelos meus filhos. Tentei segurar minha dor pelos meus filhos.
    Numa noite daquelas me ligaram do hospital. Minha esposa tinho sido agredida pela Liliane, fui até lá e nuinguém quis me dizer o motivo. Fui até a casa de Liliane que me contou tudo! Liliane flagrou seu esposo com minha esposa, ela não se segurou e partiu pra cima, quebrou os dois de tanto bater. O Pedro apanhou menos, porque correu. Minha esposa não tinha como correr porque estava nua, chegou nua no hospital.
    Eu não conseguia acreditar em tudo aquilo, que minha mulher era tão quietinha, hoje uma desvergonhada!
    Fazia uns três dias que minha esposa estava se recuperando em casa, decidi perdoar, afinal quem nunca errou? Decidido a perdoar, com o coração cheiro de esperança numa vida melhor, saí mais cedo do trabalho pra ter uma conversa com minha mulher. Chegando em casa meus filhos na rua, e dentro de casa quem estava em cima dela? Eu fiquei ceguinho, de mim ele não conseguiu correr. Bati tanto nele que tenho dor nos nervos até hoje. Ele foi pro hospital e ela foi pra rua. Meus filhos ficaram comigo, o juiz assim mandou. Onde pensei que tudo tinha acabado, tudo tinha estava começando. Fiz da bebida minha companheira. No começo era de pouco depois um pouco mais, e quando ví já fazia cinco a seis anos que eu andava jogado pela rua, de casa em casa, de bar em bar. Meus filhos não me queriam em casa, os dois já eram bandidos.
    - Como o senhor veio parar aqui?
    - Foi por Deus, por Deus que não fiz coisa pior nesta vida. Um dia desses de muita bebida, nem me lembro onde caí, mas acordei num hospital. O médico novinho, muito bonzinho me mandou pra cá. Eu sou grato a esse lugar e a essas palestras que o senhor vem fazer. O senhor fala da alma da gente e dum tempo pra cá, parece que, parece que tá mais fácil suportar as perdas que tive.
    - Seus filho vem fazer visita?   
    - Não! nunca mais vi nenhum.
    - Pois então, tenho uma proposta a lhe fazer. Se o senhor aceitar, vai precisar ter coragem, boa vontade e se orientar pelo que eu vou dizer.   
    - Senhor , tudo que o senhor me disse até hoje, fez eu ver a vida de outro jeito, hoje, parece que estou mais leve. Eu aceito qualquer proposta. Meu coração diz que o senhor é do bem.


    Seria anti-ético revelar aqui segredos e enredos espirituais do Sr Paulo (Ossanha).
    Todos nós temos problemas, e a solução desses problemas, está na comunicação com o nosso "Deus".
    O seu Paulo hoje tem uma vida digna - é uma pessoa de absoluta confiança. Foi iniciado e trabalha comigo. Recebe regularmente a visita dos filhos, se casou novamente depois que conseguiu perdoar a ex esposa. Tudo passou a ser um mar de rosas?
    - Não! ele sofreu muito pra mudar, mas teve "boa vontade" e "pesistência".
   
  

Pág 02 - Ogum

" Estava revirando a casa a procura de qualquer coisa que pudesse vender, pois o que era mais fácil e estava à vista já havia vendido, minha mãe com grande problema de saúde, agonizava me repreendendo com tanta dor, e eu não consegui ver meu erro, só fui cair em mim quando dei um empurrão, ela bateu com as costas em uma cadeira e quando foi levada ao hospital, eu já estava maluco na boca."
    -- E onde está sua mãe agora?
    -- Continua no hospital, sei disso porque foi a última vez que a vi e onde a fiz a promessa de me internar e recuperar. Quando o senhor em sua palestra falou de Ogum, parecia estar falando de mim, como é isso? Ogum é um santo?
    -- Sim, é um orixá, é chamado assim por sua origem ser africana.
    -- E como o senhor sabe que é meu santo?
    -- Não, eu não sei. Cada estudioso da espiritualidade tem um método para saber. Uns vão por sua aparência física, outros por seu comportamento, outros consultam ifá ( orixá da advinhação), através do jogo de búzios, outros através de seu odú e... Eu prefiro que a pessoa chegue a essa conclusão sozinha, ou melhor, que o  orixá da pessoa se revele à ela, assim como aconteceu com você. - Qual sua idade ?
    -- Fiz dezoito anos semana passada.
    -- Isso é muito bom!
    -- Porque é bom ?
    -- Crianças (todas) devem conhecer uma religião pelas mãos dos pais ou de uma pessoa da família que seja maior e responsável. Para assim usar seu livre arbítrio e decidir suas vidas sem interferência de terceiros. No seu caso, é melhor que você ouça seu coração. A voz do seu coração é a voz do seu orixá. Ele é o seu Deus. Ele é a sua ligação com o Deus supremo (olorum).
     Ogum senhor das guerras é também um excelente caçador. Muitas vezes ataca sua presa só para provar seu poder. Suas presas se deixam abater encantadas pelo seu charme, beleza e virilidade. Ogum vive a vida de forma esplêndida, seus inimigos não o odeiam, o admiram.
    Na hora de fazer amor, um filho de Ogum se entrega de corpo e alma, como se fosse a ultima coisa à fazer. É muitas vezes infiel, mas quando encontra a sua metade da alma costuma sossegar, sem deixar de provocar seu amor com ciúmes bobos, só pelo prazer de conquistá-la  todos os dias. Ele é um pouco injusto, costuma ficar do lado de pessoas e situações que lhe tragam vantagens, sempre se aproveitando de quem os ama.
    Gosta da noite, bebidas, drogas, muita diversão, costuma não ter preconceito. Preconceito é um inimigo vencido. Justamente por isso costuma experimentar todos os prazeres que a vida lhe oferece, tendo como melhores amigos aqueles envolvidos em caminhos ilícitos.
    Quem nasce tendo essa energia poderosa, luta muito, e os caminhos pouco se abrem, sua natureza inquieta sempre tem de estar em movimento, se você encontrar um filho de Ogum muito quieto e pensativo, não tenha dúvida, ele está doente, ou, analizando o ambiente, a espreita da melhor hora de atacar.
    Lucas, te apresentei alguns defeitos e algumas qualidades pertinentes à personalidade de um filho de Ogum. Todos os filhos de Ogum são iguais? - Não!
    Isso, porque você não é filho ou protegido apenas de Ogum.
    Para que você, Lucas, nascesse, foi necessário a união de dois corpos, seu pai e sua mãe.
    O seu espírito, aquele que tem a imagem e semelhança de Deus, (Olorum) foi formado a partir da energia de Ogum (seu pai) e Iemanjá (sua mãe). Se você fosse filho de Ogum com Oxum, você seria um pouco diferente, mas a base do seu comportamento seria quase a mesma.
    Nós temos muitos orixás (espíritos) ao nosso redor e a isso chamamos de enredo, e é o mesmo de ter tia, tio, primos, avós etc... que é nosso enredo carnal.
    -- Se seu pai (carnal) é forte e bonito,e você é comparado à ele, dizemos: Tal pai, tal filho! Não é?
    -- É.
    -- Você deve copiar, aprender as qualidades de seu pai (carnal) e não seus defeitos. - Você disse que não conheceu seu pai (carnal), está tendo a oportunidade de conhecer Ogum seu pai espiritual. Lute para absorver suas qualidades sem perder a humildade. Aceite os defeitos de Ogum e os corrija em você.
    Você nasceu como filho de Ogum para melhorar, espelhar-se nesse Orixá e vencer suas guerras interiores. Você não veio para destruir o mundo e nem a si mesmo. Por isso, abandonar hoje as drogas, será um trabalho difícil e cansativo. Mas Ogum é guerreiro, tudo que ele quer vem nas suas mãos, a palavra "desânimo" não existe no seu vocabulário.
    Quando lhe disse no começo dessa conversa que seu orixá era sua ligação com o Deus supremo (Olorum), me referi apenas ao Ogum, mas todos nós temos várias ligações com o Cosmos, vários espíritos, várias maneiras e ligações. De início conhecer Ogum já é suficiente, com o passar do tempo, permanecendo no caminho do orixá você descobrirá pouco a pouco seu enredo (família espiritual) e aí poderá se entregar em iniciação passando pelos preceitos que essa entrega exige.
    -- Quer dizer então que se eu faço essas coisas erradas, é porque sou filho de Ogum?
    -- Não, mil vezes não!!!
    Se isso se confirmar, de Ogum ser seu orixá, agradeça, porque é um orixá maravilhoso.
    Seu orixá, assim como todos os outros, são nossa ligação com Deus (Olorum). Ele é o seu Deus, e cada um tem o seu. Você nem ninguém é o que o orixá determina que seja. Orixá é luz, amor, paz, tranquilidade, é o próprio Deus (Olorum) que anda com você, que vive com você. Essas características ao qual me referi são pertinentes aos filhos, à carne, e não à um Deus.
    Dizem que Oxum é feiticeira, malvada e rancorosa, isso não é verdade.
    Dizem que Iansã é vulgar e barraqueira, isso não é verdade.
    Dizem que Logum Edé e Oxumarê são homosexuais ou bisexuais, isso não é verdade. Nada disso é verdade. Orixá é luz, sabedoria, é o próprio Deus (Olorum).
    O que faz essa crença ser alimentada é justamente as pessoas procurarem algum culpado ou justificativa para seu desvio de comportamento.
    Aquele que age assim impõe distância entre ele e seu Deus, atribuindo-lhe o  motivo de sua dor ou infelicidade, como essa atitude não é a correta, cria-se uma energia negativa ao redor da pessoa, ela pensa estar andando em paz e harmonia com seu orixá que por sua vez não consegue se aproximar de seu filho e ao invés de ajudá-lo, fica ao seu lado de braços cruzados.
    Corrija agora mesmo esses defeitos que seu orixá aponta. Esse é o caminho que você deve seguir para ser um filho de Ogum calmo, tranquilo, etc..
    Acredite, Ogum e nenhum outro orixá é feito de brigas, intrigas, fofocas, inveja, ciúmes. Os orixás são nossa luz.

A paritr daqui as perguntas do Lucas se tornaram muito pessoais e a iniciação dele se deu à uns dois meses atrás.
  

Pág 01 - Trabalho de Recuperação

No início de2008, uma amiga muito querida me fez um convite inusitado. Fazer uma palestra em uma clínica para recuperação de viciados em drogas e álcool.
    O inusitado é que eu nunca havia pensado que poderia fazer esse trabalho. O convite me chocou, pensei muito e decidi não aceitar, confesso que tive medo. Mas ela insistiu tanto que não tive outra alternativa.
    A palestra transcorreu da maneira que deveria, gaguejei, tremi, o assunto fugia... mas consegui vencer meus medos e inseguranças de falar em público.
    Essa palestra ficou gravada em VHS e CD e na mente de todos os pacientes. Esse trabalho está sendo recuperado, redigido e assim que estiver pronto, será divulgado. Sempre quis fazer  palestras usando a filosofia dos orixás, esta era minha oportunidade também inusitada.
                                                     Aguarde.

domingo, 1 de agosto de 2010

Pág 12 - Simples Assim

Morena..como a lua poderia estar à vontade.
Tocando sua pele e a ela nada acrescenta.
Apenas repousa sob o luar.
Cansada de ser possuída, penetrada, invadida
Pelo Sol ardente.
Nessa noite calma
Sob o luar descansa a pele fecundada e morna
Cheia de luz e graça
Acorda com sua morenice
Resplandece ao dia sedendo seu encanto ao mar
irritado por não poder tocá-la
Seu corpo esguio deixa pegadas na areia
Mas só pegadas indefesas
Desaparecidas por ondas sedentas
Em se falar de qualidades: Tudo era pouco
Beleza era pouco ela era toda harmonia
Escultural corpo roliço, cabelos negros compridos
Sinuosamente encaracolados
Boca carnuda e vermelha
Parecia maquiada se dormindo
Olhos verdes gritando
Sou apenas duas esmeraldas
Seus contornos pareciam pintura
Em escultura viva
O dia passa, o clima igual ao de semanas
Nada era diferente natureza e ambiente se entendiam bem
Acreditava-se nessa união acostumada
Com a presença espetacular dela
Como regato chegasse com sua fresquice
Embebedado de um candeal viçoso
E eu aqui cunhado por um amor que se tem às deusas
Morra noite escura
Seja mais um dia vil
E eu espetado por sete lanças alegres
Nesse coração sem pudor
Oxum, simples assim.

Pág 11 - Seu celular tocou? Sou eu.

Uma voz vem, às vezes do lado direito, às vezes do meu lado esquerdo, sem que para isso deverá conter palavras de direita ou esquerda.
Vozes finas, grossas, apressadas, com cortes ou alteradas. Macias, roucas, animadas.
Boas notícias são as que eu mais gosto.
Melosas me deixam até arrepiado, mas preciso que sejam insistentes, para que meu arrepio não me abandone em vias de caminho.
Dou o minguinho pra saber o que você está ouvindo.
Me aguça saber ao oque estão discutindo?
Entristece perceber que você não quer me ouvir
Tenta me iludir que não está na área cobrindo.
Chuva, distância, trânsito, barulhos, são desculpas que não estás me ouvindo.
Mas eu me ligo, fico atento à seus passos.
Podes me ignorar ou até mentir
Mas saiba que até meus ossos
Registram mensagens de saudade
E de torpedos e torpedos
É só com você que me movimento
A rede de sonhos à vontade.Seu celular tocou? Sou eu

Pág 10 - Casamento no Candomblé: Indissolúvel

Esta cerimônia tem início três dias antes do dia da Festa, dia marcado, onde estarão presentes convidados, família, etc.
Aos noivos e aos dezesseis padrinhos é obrigatório o uso de roupas brancas sendo que só os padrinhos é dado o diretio de traje de gala gravatas, salto alto e etc
Aos noivos é dever estar com os pés no chaõ, roupas simples, o mais humilde possível sem maquiagem, bijoterias ou perfumes.
Podem se casar noivos heteros ou não, sendo que a religião une o espírito, a matéria deverá  ser maior de dezoito anos.
Crianças são aceitas como padrinhos a partir de sete anos de idade.
Casais do mesmo sexo é proibido vestirem-se de roupas contrárias ao que são, exemplo:
homem vestirem-se de mulher e mulher vestirem-se de homens.
A parte secreta de cerimonia é dito apenas aos noivos que guardarão a sete chaves como guardam seus maiores segredos.
O casamento no Candomblé é muito complexo, exige tempo de preparação e execução. para justamente ser indissolúvel.


Esta é uma parte, a outra é restrita.

Pág 09 - Oxosse

Costuma-se associar oxosse à caçador, e isto não está errado, porém esse título pertence à todos orixás, pois, todos são excelentes caçadores.
Oxosse dentro da mata se sente em casa, mas não gosta de se sujar com terra enquanto executa suas tarefas diárias
Vive num mundo só dele, egoísta por natureza, poucos tem a permissão de dividir
Seu lema é a confiança, tudo é criado em cima disso
Ele ama e odeia com muita facilidade
Poucos sabem disso, seus amores platônicos são mais comuns que se imagina
Ama com profundidade, se entrega com devoção, não trai e não admite ser traído
É muito alegre, seu bom humor assusta
É trabalhador e honesto, mas pouco criativo
Embora sendo muito sonhador, pouco realiza dos seus projetos, se prende à conceitos da família, tem a solidão inevitável
Geralmente são pessoas magras, gostam de aventuras e amigos, porém com o mínimo de palavras
Dá muito valor às aparências
Teme que a própria aparência seja relatora de seus íntimos desejos, que são muitos
Emotivo, chora e ri com facilidade
Não gosta de ver alguém chorando ou sofrendo em sua frente

Pág 08 - Iansã

Divina Luz que o vento conduz

Nascemos neste mundo maravilhoso, criado por Deus (Olorum), e não nascemos sozinhos,
no lado matéria temos nossa família para garantir nossa sobrevivência, desenvolvimento e proteção
No lado espírito também temos nossa família
Nosso anjo da guarda, santo, orixá, para garantir nosso desenvolvimento e proteção
Muitas vezes a criança cresce e toma rumos diferentes muitas vezes contrários aquilo que seus familiares acham certo ou desejam para ela
Em seu lado espiritual também é, não exatamente, mas é mais ou menos assim
Para uma criança permanecer sempre no caminho certo exige muita dedicação e compromisso de quem a prepara
A criança nunca aprende sob ordens, mas sim com exemplos
O santo, o ajno, o orixá nascido com a criança, é um grande aliado de seus pais ou da família
Sabendo-se desde cedo a que santo, orixá, anjo (energia) essa criança pertence, fica muito fácil corrigi-la, amparar e proteger
Vejamos o caso de uma criança ter nascido sob a proteção de Iansã:
Iansã é:
Trabalhadeira, honesta, ciumenta, guerreira, vaidosa, brava, barraqueira, sofre muito no amor, o resto dá-se um jeito, não gosta de levar desaforo pra casa, o que tem pra dizer é dito na hora
Se veste de forma provocante, gosta de aparecer e finge estar nem aí
Gosta da noite, viagens, amigos, mas troca tudo e todos pelo mesmo tempo com a pessoa que ama, gosta também de boas roupas, perfumes, etc..
O maior prazer da vida é namorar
Não suporta traição, vai até o fundo do poço na defesa de alguém, mas se não é correspondida trai com muita facilidade.
Sua teimosia é cega, mesmo que esteja errada
Adora ser lembrada, elogiada e para conseguir a atenção de alguém em especial é capaz de até pisar em quem tentar lhe atrapalhar
Sempre consegue o que quer, mesmo que demore, mas infelizmente tende a andar com pessoas erradas e por isso sua vida é sempre cheia de brigas, discussões, onde ela diz sempre ter razão e se faz de vítima quando pensa que perdeu.
Começa sua vida sexual mutio cedo
Tem muitas e diferentes fantasias
Das amantes ela é a melhor
Se você tem em suas mãos uma criança que traz essa energia, informe-se mais, pois generosidade é a primeira palavra que ela aprendeu e gosta de usar.


Pág 07 - Papo Cabeça

Coroa sobre a cabeça
Crista de galo sobre a cabeça
Chapéus sobre a cabeça
Óculos pendurados na cabeça
Brincos pendurados na cabeça
Gravatas segurando cabeças
Gorros sobre as cabeças
Orelhas sobre as cabeças
Olhos sobre as cabeças
A barba, o bigode na frente das cabeças
Costeleta, cavanhaque contornando cabeças
Tudo fora dela, nada dentro cabeça
Tudo vejo, nada me pertence
São adornos, simpáticos do destino
Seu desejo não me lance
O que eu uso fora, esconde o de dentro
O que esta fora esconde um reflexo
De dentro da tua cabeça

Procure, quem sabe encontras
Tua cabeça. Vazia ou cheia não importa que seja tua cabeça

Pág 06 - Xângo

Junho, época de quermesse, pipoca, quentão... Isso aqui no sudeste, porque no norte e nordeste, cidades inteiras param, festejam e cultuam, o mês inteiro consagrando ao orixá do fogo.

Xangô, Orixá da Justiça, guerreiro, caçador, é impiedoso com os inimigos.

Aquele que nasce sob a influência deste Deus é geralmente muito trabalhador, não mede esforços para honrar seus compromissos e suas palavras, destemido e ciumento. Adora comer, engorda com facilidade, engorda mesmo quando passa o dia todo cheio de compromissos e barriga vazia. Excelente amante, ama com verdadeira entrega a muitos e quando encontra o verdadeiro amor, luta para ser fiel e acaba conseguindo quando a parceira colabora. Sempre está disposto aos novos desafios, o que é novidade o atrai sem que ele se torne curioso demais. Gosta do que é bom e bonito, mas teme ostentar.

Admira a vaidade sem se envolver muito. Ele não gosta de ser chamado de preguiçoso, pois o descanso é repouso merecido. Gosta de estar atualizado com os assuntos do mundo. Geralmente é bem humorado, mas não gosta de burrice.

Na saúde é incomodado por pressão alta ou baixa, diabetes, dores nas costas e cansaço nas pernas.

Por ter origem africana, esse orixá monta um cavalo marrom escuro avermelhado, o mais belo e forte do plantel. Seus colares feitos de contas da costa e búzios, miçangas, corais e conchas delicadas se sobrepõem à pele escura, brilhante, lisa e perfeita. Porte atlético de mais ou menos 1,85 m nunca o deixa passar despercebido.

Xangô – Kaô Kabecilê

Pág 05 - Exu Deus ou diabo ?

Exu – Deus ou Diabo?

Ele é visto como o diabo católico, que foi expulso de lá encontrando guarida nos terreiros do Brasil.

Dor, angústia, sofrimento, desespero, magoa, falsidade, má sorte, tristeza, calúnia, injúria, traição, infidelidade, mesquinhez, pobreza, avareza, suicídio, revolta, ira, vingança, ódio, desprezo... são os verdadeiros diabos, ou demônios que podem destruir a humanidade, e estão dentro de cada um de nós.

Nós devemos eliminar de nossas mentes e nossos ambientes todas as formas de energias que não são boas. Não macular a vida com essas energias criadas somente para destruir é o que devemos fazer.

Exu não é diabo, mas pode até ser algo nefasto se o ser que o cultua não tem muitos escrúpulos.

Exu é como a água, ele toma a forma do recipiente que o recebe.

Se entre o portão de sua casa e a porta principal existe um jardim e nele você plantar uma roseira de cor, perfume e beleza raras, contemple-a, por que ela cumpre o papel de alegrar, perfumar e embelezar sua casa, seu caminho e sua vida. Mas, se com todos os espinhos ela o fere toda vez que você passa, pense bem. Será que vale a pena?

Você não deve cultivá-la por vaidade. Se ela o fere, retire-a e replante em outro canto e em última análise, jogue-a fora, mas não cultive nada assim, por mais belo, cheiroso ou qualquer outro motivo. Não se permita ser ferido por alguém e ser complacente em nome da beleza ou de aparências.

Não se esqueça: para se conseguir ser bom, respeitado, feliz, próspero, etc... você terá de enfrentar um leão por dia, e a luta é árdua.

Para ter desavenças, problemas, miséria, etc... Você não precisa fazer esforço algum, é só desistir de você mesmo!

As pessoas que estão aí agora, fazendo parte de sua vida, são as pessoas escolhidas para ajudarem você nessa jornada e acredite, a nenhuma delas foi dado o dom e o poder de destruir você.

Se nesse momento você está se lembrando de alguém que te magoou, feriu, agrediu, etc... não cultive essa roseira, retire-a  do seu caminho. Reconheça nela suas virtudes ou qualidades, mas anule o culto à dor, ao sofrimento, às mágoas e aos ressentimentos. Aí estão os verdadeiros demônios. Se você os cultivar a tendência é aumentar. Se você replantar em outro canto, poderá conviver apenas com as qualidades dela.

Faça o que “Deus” faria e fez, através de Jesus Cristo. Ame e perdoe. Não pense que dar a outra face é se humilhar. Dar a outra face é se permitir, é recomeçar, para crescer.

Exu é isso, crescimento, evolução!